Petrobras, Natura e Citibank apresentam planos de marketing compostos por programas culturais que visam atender todo o tipo de público, de cinéfilos a fãs dos mais variados gêneros de música
Garantir à população acesso a bens culturais é um dos pontos principais trabalhados em empresas que decidem investir em ações ligadas à cultura. Mas para receber auxílio de empresas como Natura, Petrobras e Citibank é preciso muito mais do que uma boa ideia, é necessário mostrar potencial qualitativo e passar por uma banca composta por diretores, pesquisadores, jornalistas, críticos, curadores, acadêmicos, entre outros.
Afinal, ter o nome da empresa ligado a um evento, peça teatral, filme ou concerto musical significa compactuar atitudes, opiniões, assumir o compromisso perante ao público de que o projeto apresentado foi cuidadosamente pensado e desenvolvido para ele.
No caso da Natura, por exemplo, a gerente de marketing institucional da empresa, Renata Sbardelini, diz que para a companhia investir em cultura “significa construir um compromisso real com uma causa capaz de expressar a razão de ser da nossa marca, trazendo verdade para o consumidor, para todos aqueles que, de alguma forma, se relacionam com a Natura”.
Recentemente, a empresa apresentou os contemplados da quinta edição do Natura Musical, programa de apoio à cultura brasileira com foco em música, além de anunciar a expansão do projeto, com lançamento de portal e do programa de rádio Natura Musical. “Posso dizer que a grande contribuição para a marca é o compromisso real com a causa, nesse caso, a música brasileira. Há uma coerência entre o que se propõe e o compromisso que, de fato, assumimos. A música é uma expressão legítima da nossa razão de ser, acreditamos que seja uma experiência de ‘bem-estar bem’. Representa troca, encontros”, comenta a executiva.
Em cinco anos de atuação, o programa contemplou 130 projetos ligados à música, por meio de edital público ou seleção direta de projetos. Para 2010, a ação contará com patrocínios aos CDs e turnês inéditas de Carlinhos Brown e Vanessa Da Mata, contemplados no edital nacional de 2009, na categoria turnês. Outros destaques são a gravação do CD em comemoração aos 35 anos de carreira de Ivone Lara e Delcio Carvalho; e o primeiro de Marcelo Jeneci. A empresa também patrocinará o filme “A Música Segundo Tom Jobim”, com lançamento previsto para o final do segundo semestre.
Mas engana-se quem pensa que a Natura financia apenas artistas renomados: desde 2006 a empresa é parceira do Grupo Cultural Afroreggae e, recentemente, anunciou a criação de um estúdio de música dentro do recém-inaugurado Centro Cultural Wally Salomão, mantido pelo grupo cultural dentro de Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Esse é considerado o maior centro cultural do País inserido em uma comunidade carente e a ideia de estabelecer um estúdio com equipamentos de última geração surgiu como forma de estimular a gravação de trabalhos de músicos já estabelecidos no mercado, mas também para dar oportunidade àqueles que não conseguem viabilizar seus trabalhos por não terem condições de acesso a um espaço de qualidade. “Também queremos ajudar a formar e a profissionalizar pessoas da comunidade que queiram trabalhar como engenheiro de som, por exemplo. Foi assim que surgiu o estúdio Natura Musical dentro do Centro Cultural. A importância de estarmos junto com o Afroreggae neste local se dá pelo fato de acreditarmos na ideia, e o Afroreggae é a maior prova do poder de transformação do ser humano por meio da arte, neste caso, da música. A partir dessa experiência, se desenvolve o sentido de pertencimento, de cidadania e, como consequência, resgate de autoestima. É a vontade de, juntos, construirmos possibilidade reais de mudança”, comenta Renata.
Ainda este ano a companhia anunciará a segunda edição do Natura Nós, festival que promove o diálogo entre artistas nacionais e internacionais. A empresa ainda não confirmou as atrações para 2010, mas já avisa que haverá, como em 2009, um dia dedicado ao universo infantil. Além disso, a Natura também se envolveu na recuperação do Teatro Cultura Artística, destruído por um incêndio em 2008. “Nós queremos ajudar nessa reconstrução, somos parceiros dessa iniciativa, pois é uma das formas de preservar a cultura brasileira. O teatro é um dos marcos da cultura nacional e representa um papel relevante para a sociedade e cultura brasileiras, não apenas paulistanas”, diz a executiva.
Se você ficou interessado em concorrer a uma das cotas de patrocínio da empresa é preciso saber que os projetos são escolhidos a partir de uma série de critérios, como abrangência, inovação, identidade cultural, entre outros, e tanto os projetos selecionados por edital como por seleção direta precisam refletir a identidade brasileira “e que tenham potencial de conectar, ao mesmo tempo, o local com o global”, finaliza Renata.
MULTIFACETADA
Já a Petrobras, consolidada em diversas áreas, apresenta uma plataforma de investimentos culturais que atende a todos os gostos. Os patrocínios da companhia vão desde espetáculos de dança, passando por cinema, artes plásticas, teatro, artes eletrônicas, cultura digital, circo, entre outros.
Desde sua criação, em 2003, o Programa Petrobras Cultural (PPC) já investiu R$ 250 milhões em projetos provenientes de todos os Estados do País. Em 2010, o programa foi dividido em duas etapas, sendo uma lançada no final de 2009 e outra no início deste mês. Até o momento, a empresa informou apoio a 20 festivais de cinema, 17 festivais de música e 15 projetos de difusão de longas-metragens. Dentre os selecionados estão a 12ª Mostra de Londrina, o 15º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, Dia Internacional da Animação 2010, Festival Abril Pro Rock e Festival Internacional de Música do Pará. Dos mais de mil projetos contemplados pelas seleções públicas do PPC até hoje destacam-se os acervos Tom Jobim, Grande Othelo, Maria Clara Machado, Rádio Nacional, além de filmes, como “Os Desafinados” (2003), “Se Eu Fosse Você” (2004) e espetáculos de dança, como da Quasar Cia. de Dança e Grupo Cena 11.
* O texto completo desta reportagem você confere na edição impressa da revista Marketing, publicada em junho de 2010.
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